Dave Castro é o novo Caso Glassman?
Desde o fim da polêmica edição do CrossFit Games 2024 com a morte de Lazar Dukic, uma verdadeira batalha bem ao estilo “lado A e lado B”, ganhou as redes. De um lado os defensores da empresa, enquanto do outro, aqueles que querem ver o fim da hegemonia do CrossFit como marca. Entretanto, tudo ficou mais quente e delicado, após a PFAA publicar diversas exigências feitas para a competição. Entra elas a mais polêmica gira em torno da saída de Dave Castro da empresa.
O pedido do órgão criado por alguns dos próprios atletas visando as melhorias das competições, teve repercussão mundial dentro da modalidade. Porém, acabou dividindo ainda mais os dois pontos da história. Enquanto tivemos atletas apoiando a saída de Dave, entre eles Patrick Vellner e Annie Thorisdottir. Também tivemos atletas apoiando a continuidade do Gerente de Esportes na empresa. Aliás, nomes fortes como o de Rich Froning utilizaram suas redes sociais com a imagem da logo de Dave, para pontuar o apoio ao gerente. Essa ação acabou sendo copiada por muitas pessoas, inclusive no Brasil.
Porém, o que mais assusta de tudo isso que vem acontecendo não é o fato das pessoas terem lados, mas sim a maneira como esses lados são atacados. Basta uma rápida leitura nos comentários das postagens no Instagram para entender isso. Porém, vale a reflexão nesse momento: o que irá mudar se Dave Castro sair de fato? Há muitos anos o “personagem” Dave Castro mostrou uma importância muito maior para o marketing e promoção do Games do que propriamente como criador de workouts.
Dave Castro no papel de Greg Glassman
A realidade é uma só, Dave tem a presença que Bozman não conseguiu conquistar quando assumiu a responsabilidade que antes era do atual gerente de Esportes. Por isso, sua volta foi tão comemorada inicialmente. Agora uma possível saída pode ser uma tentativa de achar um “bode expiatório” para pontuar um culpado pela morte de Lazar Dukic. Afinal de contas, independente do lado, todos queremos uma resposta e os culpados reais pela tragédia que para muitos era “altamente evitável”. Com isso, os olhares para Dave e sua saída vinda da exigência da PFAA parece para muitos a forma mais justa de começar a achar culpados.
Porém, a realidade é que sua saída teria um viés muito mais simbólico do que de fato conclusivo para o caso. Dave se tornou o “Greg Glassman” do momento. Vale resgatar a história do criador da CrossFit que foi acusado de racismo em meio a pandemia da covid-19. Após suas declarações, a internet atacou fortemente o ex-CEO. Aliás, diversos boxes se desfiliaram da marca e muitos ataques aconteceram até a notícia da saída de Glassman. Mas o que mudou de fato após a saída dele?
Nesses momentos a simbologia do “derrubamos um tirano”, mesmo que não traga grandes mudanças para o cenário, parece ser mais forte. Aliás, acaba se tornando um pré-julgamento sobre o que aconteceu. Na realidade, é quase que um acalento para quem está acompanhando indignado tudo e que precisa de respostas do senso de justiça o quanto antes. Talvez para continuar acreditando na marca ou coisa do tipo. Mas vale analisar de fato o que muda e analisar o que pode ser feito de mudanças a partir de uma ação como essa.
Senso de comunidade depende de quem?
Mas há também um fator de extrema importância que vejo que muitas pessoas estão deixando para trás. Com ou sem marca, o senso de “comunidade” que sempre se destacou seja em um box de CrossFit ou CrossTraining depende muito mais de quem está no box do que dos “Chefões do CrossFit”. Com isso, é importante colocarmos o pé no freio dos ataques e passar a pensar como um todo. Divergências devem e precisam existir para a evolução da modalidade. Mas isso precisa ser feito a base de argumentos e não ataques como estão acontecendo diariamente dentro da internet. Só assim, as reais mudanças poderão acontecer e respostas começarão a existir.
A verdade é que todos querem e precisam de resposta sobre a maior trágedia do nosso esporte, seja você à favor ou contra a marca e a saída de Dave Castro. Porém, vale a pena ouvir lados, entender lados, antes de simplesmente atacar. Perder o senso de comunidade dentro da modalidade, pode ser um caminho sem volta para o fim do nosso esporte.