Double IG cancela edição, qual o futuro dos eventos?
Uma notícia caiu que nem uma bomba na última segunda-feira quando foi anunciado o cancelamento da edição de 2023 do Double IG. Vale ressaltar que ele é um dos mais tradicionais eventos de duplas do país. Dessa forma a competição que tinha previsão de acontecer nos dias 29 e 30 de julho no Parque Olímpico do Rio de Janeiro foi cancelada. Em uma live no Instagram do evento, o criador e head coach do DIG, João Neto explicou os reais motivos que levaram o cancelamento.
” Essa decisão eu já tinha tomado a umas três semanas. Fiz algumas ações para ver se aumentavam as inscrições, porque o evento gira com as inscrições. Para que o Double IG aconteça seria necessário termos 400 pessoas se inscrevendo na competição e não atingimos esse número. Não estava montando a volta da competição pensando em retorno financeiro nesse momento, queria o retorno do evento. Mas não posso tirar esse valor de bolso e existe um custo no evento que precisa ser pago. Também não vou descer a qualidade do Double IG para fazer um evento meia boca. Não acho justo com os atletas, comigo e nem com o Double IG, então foi mais sensato o cancelamento”, pontuou Neto.
O coach também explicou os motivos do cancelamento e não adiamento da competição: “não quis colocar o evento para frente para não conflitar com outros eventos como o The Six e o Riocarioca Games do Marcelão que é meu padrinho. Com isso, o cancelamento foi a melhor escolha nesse momento”. Embora tenha decidido por não realizar o Double IG esse ano, João não descartou 100% o fim de um dos mais tradicionais eventos do país: “se ele vai voltar hoje a decisão é não. Mas não se sabe o dia de amanhã”.
Cancelamento em forma de protesto
Neto resolveu abrir o jogo em sua live no Instagram e mostrou seu protesto contra a chegada de inúmeras competições sem respeitar o calendário dos eventos mais tradicionais, não dando espaço para que cada competição consiga ocupar o número de vagas. “Eu credito isso a alguns fatores, um deles é o acumulo de competições sem uma organização. Quando eu coloquei o Double IG em agosto, eu solicitei isso com o Marcelo (Riocarioca) perguntando se atrapalharia o The Six por estar próximo. Ele disse que não, mas nesse meio tempo surgiram outras competições. Para se ter uma ideia, hoje temos cinco competições (no Rio de Janeiro) com inscrições abertas”.
Porém, Neto ainda colocou para todos que assistiram a live que o cancelamento seria de fato uma forma de protesto. “Enquanto não houver uma organização dos donos de eventos de Cross alguns eventos irão acabar perdendo o seu valor. Assim vai ser o Double IG, talvez assim o Titan Games, o Riocarioca Games uma vez que os eventos maiores tem um custo maior para poder entregar o que os atletas merecem. Com os eventos menores perde-se um pouco esse sentido. O calendário está muito carregado e eu não quero esse problema para mim, meu protesto é cancelando o evento”.
Neto finaliza pontuando a necessidade de mais respeito entre os eventos e principalmente comunicação para que todos possam coexistir sem um atrapalhar o outro. “É necessário que os organizadores se comuniquem, eu lancei o meu evento com antecedência e antes fui perguntar para o Marcelo (Riocarioca), o Pedro (G4) e o Silvio Antão (Titan Games) para que as datas não se conflitassem. Com cinco eventos acontecendo ao mesmo tempo, é difícil nós conseguirmos ter o mínimo”.
Fim dos grandes eventos?
A notícia do cancelamento do Double IG traz um alerta vermelho importante e perigoso para o futuro dos eventos de Cross. Como dito em um artigo anterior feito aqui na HORA DO BURPEE, os pequenos eventos estão minando os eventos maiores e mais tradicionais. Não muito distante, tivemos uma real dificuldade enfrentada pelo Titan Games em conseguir atingir o mínimo de inscritos, motivo, um evento menor e mais barato lançou a inscrição de seu evento dias antes do Titan, após saber o dia de lançamento. Esse tipo de ação acaba minando grandes eventos. Afinal, ainda vemos acontecer a troca de valor por qualidade do evento.
Voltemos ao exemplo dado no artigo citado acima: “Em média um evento de pequeno à médio porte cobra valores aproximados de R$150,00 à R$ 180,00. Um evento grande pode custar para o praticante à partir de R$250,00, um valor consideravelmente mais alto. Com isso façamos uma conta rápida. Se uma pessoa participa de duas competições por mês ele poderia estar gastando cerca de R$300,00 em duas competições ao invés de R$250,00 em uma. Se pensarmos então em uma pessoa fazer duas competições no mês no valor mínimo de R$ 250,00, o custo de R$ 500,00 só para competir, é realmente inimaginável para muitas pessoas. Por isso, a escolha de quantidade ao invés de qualidade acaba prezando para o lado de valores mais baixos em eventos com menos estrutura. Uma aposta não muito promissora para todos os lados”.
Entretanto, resolver esse imbróglio é mais fácil do que parece. Basta que os organizadores se comuniquem e criem de uma vez por todas um calendário de eventos, como já acontece nas competições maiores. Se assim for feito, eventos menores e maiores poderão coexistir sem qualquer problema, dando a possibilidade para que todos possam lotar suas inscrições e não teremos a perda que estamos tendo de termos o cancelamento de um dos eventos mais tradicionais do estado e o fim de um evento que trouxe novas tendências para as competições.