Recap do Rogue Invitational 2023
Sem sombra de dúvidas, essa foi de longe a edição mais disputada e esperada do Rogue Invitational. Aliás, tanto no feminino com a volta de Tia Clair Toomey as competições e as dúvidas sobre a soberania de Laura Horvath, como no masculino com a disputa e as farpas trocadas entre Roman Khrennikov e Jeffrey Adler, além da volta de Ricky Garard.
Com isso, a competição já estava excitante mesmo antes de começar. O que aconteceram nos quatro dias de disputa só mostraram ainda mais isso. Aliás, tivemos algumas surpresas no caminho, algumas boas e outra nem tanto. Se no feminino aconteceu de fato a disputa entre Tia e Laura, no masculino o mesmo não foi visto. Ao contrário do esperado, o australiano Garard, cotado para ser um dos campeões, teve uma apresentação bem aquém disso. Muito embora tenha conseguido no final da competição pular no placar. Ele passou o Rogue Invitational todo abaixo dos top 10, mas conseguiu finalizar na 5ª colocação geral, surpreendendo a todos.
Aliás, surpresa também tivemos no feminino com a força sobre-humana de Alex Gazan que desbancou todas as atletas ao levar a prova de PR de deadlift levantando incríveis 425lbs. Enquanto isso, no masculino, Chandler Smith mostrou toda sua força levantando, com sobra, 610lbs. Com um pequeno detalhe, a prova havia acabado quando o americano levantou 605lbs, como mas ninguém havia conseguido, a vitória já era dele. Porém, o incentivo da torcida e dos amigos em campo fez com que Smith se jogasse no peso maior, para delírio dos presentes.
O Rogue Invitational aconteceu nos três primeiros dias sem problemas com chuva. Como falamos anteriormente, era esperado que ocorressem tempestades. Mas apenas no último dia tivemos chuva que deram um tempero à mais para as últimas provas. Apenas a final foi realizada no espaço coberto.
Primeiro dia
Para iniciar o Rogue Invitational os atletas tiveram uma prova pesada de corrida onde começaram carregando peso e conforme completavam as etapas iam se desfazendo do sobrepeso aos poucos. No feminino, a estreia de Tia era esperada por todos. Principalmente por Laura, afinal de contas, já havia se transformado em uma questão de honra vencer a australiana para tirar a dúvida de quem ainda questionava se ela só teria vencido o Games por conta da ausência de Tia.
Porém, como já era de praxe, Tia chegou mostrando que não seria nada fácil vencer ela, mesmo cinco meses de sua gestação, Tia mostrou um condicionamento absurdo e comandou a prova do início ao fim. Nem Gabriela Migala que tentou se manter atrás de Tia e trazer uma disputa conseguiu acompanhar a australiana na última volta. Com o resultado, choveu comentários como “zero novidades”, “um total de zero pessoas ficaram surpresas com isso”, já demonstrando que a maioria acreditava e torcia para a vitória de Tia.
Para o masculino, o atual campeão do CrossFit Games, Jeffrey Adler mostrou que seu condicionamento que o levou no pódio do Games estava pronto para levá-lo para a dobradinha de subir no pódio do Rogue Invitational. Com isso, ele conseguiu finalizar em primeiro lugar. Roman até se esforçou e foi bem frente aos demais, mostrando que a lesão no pé que lhe tirou o lugar mais alto do pódio do Games era passado, mas finalizou na terceira colocação, mas com muita coisa ainda pela frente.
Segundo dia
Para o segundo dia foram realizadas duas provas 100% no estilo CrossFit Rogue. Assim na primeira prova tivemos a volta do Bar Muscle Up no tronco de madeira onde os atletas precisavam realizar o movimento usando o “false grip”, uma vez que era impossível fechar a mão na barra. Só esse item já dificultou muito a vida dos competidores. Além disso, os atletas ainda precisavam realizar repetições pesadas de Back Squat.
Com isso, Alex Gazan mostrou que estava para lutar e desbancou Laura e Tia levando a prova no feminino. Enquanto no masculino, Gerard venceu como o mais rápido entre os homens e passou para a bateria principal. Também tivemos Patrick Vellner ganhando a prova na bateria principal e começando a subir na tabela.
Para a segunda prova do dia o elemento mais chamativo acabou sendo a passada de barras onde os atletas precisavam ficar pendurados para ultrapassar, isso após realizar repetições de press com um alter pesado. No feminino, Laura conseguiu finalmente sua primeira vitória dentro do Rogue Invitational, enquanto no masculino, foi a vez de Roman sair com o primeiro lugar. Assim o dia terminou com uma mexida considerável no topo da tabela com Tia e Adler descendo para a segunda posição e Laura e Roman indo para a cabeça do ranking.
Terceiro dia
A quarta prova e a primeira do dia já começou com tudo onde os atletas precisavam realizar um combo com Ring Muscle up, HSPU e snatch. Ou seja, o ombro foi bastante requisitado. Com um detalhe, ao contrário dos dias anteriores, no sábado e domingo foram realizadas três provas em cada. Assim no feminino, Tia conquistou a sua segunda vitória e passou novamente para ao topo. Enquanto no masculino, o veterano Noah Olsen mostrou toda sua qualidade com o HSPU mais rápido do Rogue Invitational e levou a prova.
A segunda prova do dia foi uma eletrizante corrida eliminatória onde os atletas passavam por obstáculos e finalizavam a prova colocando três bags pesadas dentro de um contêiner. A disputa foi ficando cada vez mais intensa conforme as baterias aconteciam e os atletas eram eliminados. No feminino não teve como ter uma disputa mais acirrada e empolgante. Laura e Dani Speegle literalmente mediaram suas forças e a americana levou a melhor e mostrou porque é uma das atletas mais fortes do mundo. Já no masculino a disputa ficou entre Jason Hopper e Brent Fikowski, que também fizeram uma prova ombro a ombro, mas Hopper levou a melhor.
A última prova do dia foi também uma das mais longas do Rogue Invitational. Não pelo números de exercícios, mas sim para encontrar a carga máxima de deadlift. A procura pela carga maior levou bastante tempo nas duas categorias. No feminino a disputa acirrada entre Dani Speegle e Alex Gazan foi intensa e muitos acreditavam, como de praxe, que a loira levaria a melhor, conseguindo superar em 5lbs o peso de Dani. Enquanto no masculino, como falamos anteriormente, a supremacia de Chandler falou mais alto e ele levou a prova tranquilo e com aquele jeito de que conseguiria levantar ainda mais peso.
Último Dia
Para o último dia além das complexas provas do Rogue Invitational, o tempo se tornou em mais um elemento dificultador. Ainda na primeira prova, o campo da competição ficou molhado com a chuva que caia, o que realmente se transformou em um complicador. Ainda mais porque os atletas precisaram correr e subir ladeiras na grama, então qualquer vacilo poderia ocasionar em uma bela queda. Muito embora não tivemos nenhuma, a não ser um dos momentos divertidos onde os atletas escorregavam sentados na ladeira em meio à prova, rendendo boas fotos e vídeos com as palhaçadas que eles mesmos fizeram, mostrando que o clima da competição foi amistoso, mesmo sendo competitivo.
Dessa forma, logo na primeira prova um novo item foi colocado, um peso que mistura dumbell e kettlebell. Assim tivemos no feminino, Laura conseguindo se sobressair e passar a pontuação de Tia, que havia terminado o penúltimo dia na frente da búlgara. No masculino, um novo nome até então pouco falado conseguiu desbancar todos os atletas da bateria principal e levar a melhor. Dalin Pepper, atleta cinco vezes Games, mostrou que embora não tivesse chances de pódio, ainda estava bem vivo no jogo.
A segunda prova teve elementos ginásticos como principais, assim os atletas tiveram que correr, pular caixa e fazer o handstand walk. Tudo isso sobre a chuva. Para o feminino esse foi o momento que preparou o final dramático da competição. Tia Clair foi a melhor e levou a prova, com isso, empatando na pontuação com Laura e deixando para a grande final descobrir quem de fato seria a vencedora desse ano. Enquanto no masculino tivemos novamente um nome até então pouco destacado, o novato de apenas 20 anos Victor Hoffer foi o vencedor da prova.
A grande Final
Se tínhamos a disputa entre Tia e Laura para saber quem seria de fato a campeã no feminino, no masculino Adler estava correndo contra o tempo e diminuindo a distância que estava de Vellner que conseguiu atingir o topo da tabela desde o terceiro dia. Assim por conta do aumento da intensidade da chuva, a grande final acabou sendo alocada para dentro do salão da competição. Afinal de contas, a prova exigiria dos atletas a execução de Double Under e diversos movimentos de clean, além do jerk na barra.
Dessa forma tivemos uma final eletrizante e disputada ombro a ombro entre as duas atletas. Mas no final foi Laura que conseguiu finalizar as repetições e se consagrar como a grande campeão do Rogue Invitational. Aliás, ver a rival cruzar a linha mexeu com Tia que acabou inclusive perdendo a segunda colocação da prova para Emma Lawson. No pódio tivemos Laura como a grande campeã seguida de Tia Clair e Emma que ficou com a última colocação do pódio. Com isso, Laura carimbou que 2023 foi de fato o seu ano e não foi a ausência de Tia no Games que a fez vencer. Mas vale ressaltar que muitos ainda querem ver o Games do ano que vem para conferir de fato se Laura é a nova imbatível. Já Tia pode ser considerada campeã também por mostrar-se tão em alto rendimento com apenas cinco meses de sua gestação, o que arrancou diversos elogios na rede.
No masculino tivemos o mesmo pódio do Games desse ano, mas em posições invertidas. Vellner mostrou que ainda está muito ativo nas competições e mesmo sem levar nenhuma prova, a sua consistência de resultados o jogou para o 1º lugar do pódio. Seguido dele, tivemos o atual campeão do Games, Adler e Roman na sequência.