Zappa, anuncia sua decisão de largar a locução
A porta da insatisfação atual com os eventos parece ter levado mais uma para fora do cenário. Dessa vez, a voz oficial do TCB acaba de anunciar o fim de sua carreira. O locutor Diego Zapparoli, o Zappa, usou seu perfil no Instagram para anunciar o fim de seu trabalho à frente da locução dos eventos. No começo da semana passada, Marcelo Prata anunciou seu afastamento das locuções. Mas hoje foi a vez de Zappa fazer o mesmo, sobre o mesmo pretexto, a falta de valorização dos eventos com seu trabalho.
“Estou nesse cenário desde 2017, completando seis anos esse ano direto nas locuções e poucas coisas evoluíram. É um como o Marcelo Prata fala, é muito além da locução, não é só pegar o microfone e ficar falando. É entreter, passar informação, fazer o Scale se sentir tão importante como o Elite. Aliás, é trazer um momento leve para o atleta Elite que está ali apostando todo o ano dele de treinamento, dando uma sensação leve igual ao Scale que está indo ali para brincar e aproveitar”.
Para Zappa estar na arena é de fato observar o evento como um todo e não apenas a animação, o que deixa ele mais desanimado, por ver que o esforço normalmente é em vão. “Um exemplo simples e verídico desse compromisso do locutor com todo o evento é o que aconteceu na Seletiva TCB que eu fui a única pessoa que percebeu, minutos antes do wod começar, que as anilhas estavam erradas. Corri, avisei o head judge e junto com o Marcelo (Prata), desmontamos e colocamos o peso certo. Essa não é uma função do locutor, mas a gente estava lá, porque o evento é todo mundo”.
Zappa e seu caso de amor e ódio com os eventos
Embora triste e decidido de fato a parar com a locução dos eventos. Zappa se emociona ao falar de seu amor pelas competições: “eu amei demais esse trabalho. Esse trabalho me custou relacionamentos e eu conheci o amor da minha vida. Para falar a verdade, eu não lembro de levantar em nenhum sábado triste para trabalhar nas competições. Mas os prós não são tão grandes como os contras”.
Zappa analisa entre os principais pontos negativos as dificuldades com a chegada e a volta dos eventos. Na grande maioria, se torna muito difícil pela economia feita pelos produtores. “Eu cheguei a ficar 13h em escala para voltar de um evento. Aliás, eu estou nesse momento em uma escala onde eu sai de Ribeirão Preto. Tive que pegar um ônibus para Congonhas, onde eu tive que pagar do meu próprio bolso um ônibus para Guarulhos. Isso para aguardar um voo que sairá às 13h”. Zappa respondeu nossa equipe às 11h 34m em quanto aguardava o embarque. “Eu perdi toda a minha segunda-feira de trabalho, o evento não paga isso. Na realidade ele paga pelo sábado e domingo. Mas e o seu serviço de sexta e segunda que se perde para chegar e voltar”.
Outro ponto está na questão da hospedagem paga pelas competições. “Existem inúmeros eventos que você chega e a hospedagem é horrível. A Faygha (Kiss) narrou um evento que ela ficou em um hotel que mais parecia um albergue. Eu cheguei a fazer evento em locais onde a temperatura era de 40º e não tinha nem ar condicionado no quarto. Ainda tinha aquele dono de evento que diz que é seu amigo e fala para você dormir na casa dele, Mas na real ele quer economizar o hotel”.
Concorrência desleal
Outro grande problema enfrentado pelos locutores renomados como Zappa está na concorrência desleal. Afinal, muitos locutores se oferecerem de graça para narrar. “Tem locutor famoso que vai em todo evento, independente se já foi ou não anunciado algum locutor para se oferecer. Porém, sempre com um valor mais barato do que está sendo pago. Aliás, tem alguns que chegam para o produtor e dizem que já estarão na cidade e perguntam se podem fazer a locução no dia de graça. Ou seja, o cara está pagando hospedagem, passagem e alimentação e está se oferecendo de graça. Então eu pergunto: cada a profissionalização da classe? Cadê o apoio? O dono do evento quer economizar o dinheiro, então adivinha o que acontece quando acontece isso?”.
Entretanto, mesmo saindo da locução dos eventos, Zappa promete permanecer nas competições: “recebi uma boa proposta da Boico para trabalhar em um local de gerência. Por isso, quero me dedicar a essa oportunidade e não vou deixar os eventos, até porque eles são o meu network. Mas como locutor, vou cumprir a agenda que já estava marcada com os eventos e me despeço do microfone”.