Leandro Santanna: “Eu sou a prova viva disso”
Quase diariamente mostramos aqui nas páginas da HORA DO BURPEE acontecimentos do mundo esportivo do CrossFit. Porém, muito além do esporte, está a superação. A “mesa dos adultos do CrossFit”, como sempre pontuou Greg Glassman, o criador da metodologia. Com isso, ao longo do tempo, sempre trazemos notícias e história de pessoas que conseguiram, através da metodologia, melhorar suas vidas e superar barreiras. Com isso, dessa vez trouxemos a história de superação do coach, Leandro Santanna. Aliás, quem conferiu nossa matéria do Arena Games Rural, já esperava saber mais a história desse coach.
Conheci o coach durante nossa cobertura no evento. Quando sua dupla, Suelen Paiva, me pediu para tirar uma foto deles, jamais imaginei que ali haveria uma história tão forte. Aproveitei o momento para entrevista-los e assim pegar mais informações para o material que estava juntando para noticiar o evento. Então durante as minhas perguntas o coach falou que estava competindo no nível intermediário depois de ter sofrido dois Acidentes Vascular Cerebral (AVC). “Com quase dois anos iniciei as aulas de Cross na garagem e em 2019 tive o primeiro AVC. Mas até então não sabia que era um AVC, na minha cabeça era crise de ansiedade, tomava remédio para isso. Na época, fiquei com o lado esquerdo todo pesado e dormente. Então sentei para me recuperar, tomei um banho e passou, assim pensei: ‘vida que segue'”, relembra Leandro.
2º AVC durante aula de LPO
Contudo, cerca de quatro meses depois enquanto fazia um treinamento de Levantamento de Peso, Leandro precisou parar novamente no meio do treino por sentir mal. Dessa vez ele relata ter sido um pouco pior do que a primeira vez, no entanto a necessidade de levar sua esposa grávida para o médico com urgência, acabou fazendo com que ele ignorasse os sintomas. “Ela estava grávida de gêmeos e quase nascendo. Me recuperei, e fui dirigindo levar ela. Por incrível que pareça, médico nenhum observou que eu estava tendo um AVC, afinal de contas, existem sinais quando você está conversando com a pessoa que indica que ela está tendo um AVC. Logo depois disso minha vista começou a falhar, fui então procurar um oftalmologista que disse que não tinha nada na minha vista e pediu pra procurar um Neuro. Fiz o exame de Ressonância onde constatou o AVC”.
Leandro explica que sua rotina de treinos e alimentação foi o que salvou sua vida ainda no primeiro AVC: “o neuro cirurgião que me atendeu me disse que se eu não tivesse uma rotina de treinos, alimentação, eu teria morrido no primeiro AVC. Foi uma situação muito louca, quando ele disse isso, além disso ter tido esses AVCs não é comum para uma pessoa com minha idade e com a rotina que tenho. Então ele foi pesquisar, fiz cada exame que nunca ouvi falar (exame genético) para saber o que eu tinha e descobri que tenho trombofilia”. Leandro ainda pontuou que nos dois ataques, ele sentiu dormência no lado esquerdo do corpo, o que acabou gerando complicações para que ele pudesse continuar a vida normalmente. “Eu não conseguia fazer um movimento de levantamento de peso com PVC ou um burpee. Nesse momento eu pensei em parar e largar tudo”
A recuperação e a volta a arena da vida
Entretanto, mesmo com a vontade de largar tudo, Leandro não manteve essa decisão por muito tempo por dois motivos como ele mesmo explica. “Foram duas situações que me mantiveram de pé. Os gêmeos recém nascido, não podia abaixar a cabeça, porque tinha acabado de pedir demissão. E logo em seguida teve a Pandemia, onde fiquei fechado, aplicando aulas online. Lembro ate hoje, todos os meus alunos retiraram material pra treinar em casa e todo dia as 18 horas eu entrava online”. A presença da comunidade de seu box foi um dos combustíveis para fazer com que Leandro se mantivesse ativo.
Em relação ao seu corpo, nosso entrevistado passou a por um longo tempo de acompanhamento médico e sua liberação para os treinos veio de maneira gradual. Entretanto Leandro entende sua nova realidade e explica que uma de suas restrições estão nos movimentos com muito peso. “Não posso fazer um Clean and Jerk de 100kg e manter no ombro por muito tempo fazendo apneia, me sinto muito mal. Posso fazer, porém finalizar o mais rápido possível”. Dessa forma, dentro de uma nova realidade e mais consciente de seus limites, Leandro deu a volta por cima dos dois AVCs e utiliza do Cross para se manter forte e com a saúde em dia. Aliás, nosso entrevistado faz questão de deixar um recado final para aqueles que possam estar em uma situação parecida como a que ele enfrentou. “Para galera que desiste por pouca coisa. Não desistam não gente, porque o Cross muda a vida e muda de fato. Eu sou a prova viva disso”.