Veja o resumo do Nobull CrossFit Games 2022

Um Nobull CrossFit Games completamente diferente. Assim pode ser definido a maior competição de CrossFit do mundo. Com elementos novos como o Double Under Crossover e a volta do Single Under para a elite, essa edição dos Games surpreendeu. Para quem estava acostumado aos workouts desenhados por Dave Castro, com certeza se surpreendeu com o trabalho de Adrian Bosman.

Aliás, não só os espectadores, mas também os atletas desse ano ficaram bem surpresos com as novidades criadas pelo head coach do evento. Esse fato gerou um começo bem atípico para quem tem o costume de assistir os Games ao longo dos anos. Ficou bem estranho para os fãs não verem, logo de início, a superioridade dos grandes nomes como Tia Claire Toomey e da famosa equipe Mayhem de Rich Froening. Tanto a pentacampeã dos Games, como o maior time da história da competição, sempre despontaram no ranking logo de início, mas esse ano, não foi isso que tivemos. Vimos Tia Claire se frustrar na frente de todo mundo nos primeiros dias de prova, deixando até mesmo as próprias rivais de boca aberta com o desempenho baixo que há anos não víamos dela. Tia acabou ficando com a 23ª colocação na prova “Skill Speed Medley”, surpreendendo o mundo. 

A equipe de Froening também precisou correr atrás durante todo o Games e a famosa disparada no placar, praticamente não existiu nos primeiros dias de competição. A equipe da Mayhem teve o tempo inteiro a Oslo Navy e a Invcitus no retrovisor. Aliás, o time foi ultrapassado algumas vezes ao longo das provas. Com isso, a nova mudança no estilo de provas levantou diversas especulações, não só para eles, mas para Gui Malheiros que também não teve o desempenho esperado, não só pelos brasileiros, mas por ele também no início dos Games.

Elite Feminina bate recordes

Como falamos anteriormente, Tia Claire Toomey não teve um grande inicio no Nobull CrossFit Games esse ano. Em contra partida tivemos Mallory O’Brien, a pupila de Mat Fraser, mostrando que veio para ficar na elite. Aliás, não só ela como Emma Lawson, de apenas 17 anos, vieram para mostrar que a nova geração chegou com força. As duas atletas mais novas da competição dispararam na frente nas colocações, não dando muita chance para as demais competidoras.

Dessa forma, vimos as duas atletas desbancarem nomes como Haley Adams, Danielle Brandon, Brooke Wells e quase, Tia Claire. Contudo, a prova “The Capitol”, que foi talvez a mais puxada de todas, foi o estopim para que Tia pudesse guardar as roupas que a Nobull dá no kit dos atletas e voltar a usar a roupa branca e vermelha de primeiro lugar. Tia finalizou na 3ª colocação, enquanto Mallory pegou a 9ª posição e Emma amargou a 11ª colocação. Com isso, a australiana disparou na frente. Aliás, esse foi o gancho motivacional para que ela conseguisse ficar sempre entre as quatro primeiras posições nas quatro provas seguintes, sendo a vencedora da “Up and Over”. Esse fato fez com que Tia conseguisse abrir uma vantagem confortável no topo do ranking com mais de 100 pontos de diferença.

Tia conseguiu manter a diferença no pódio e mostrar sua superioridade e conseguiu mais uma vez fazer história, subindo no pódio e ganhando seu hexacampeonato no Nobull CrossFit Games 2022. Porém, podemos considerar que todo o pódio feminino marcou bastante historia nessa edição. Afinal tivemos Mallory O’Brien levando a 2ª colocação final, sendo a atleta mais nova a subir no pódio. Tivemos também a queda de Emma para a 5ª posição e Laura Horvath subindo no pódio.

As brasileiras no Games

Esse ano, tivemos as estreantes Victoria Campos e Julia Kato representando o país. Já na primeira prova do Games, as duas sentiram o peso da competição, comum para as estreantes do evento. Kato acabou indo melhor que Victoria, porém, no balanço geral, Victoria acabou ficando mais bem colocada do que sua conterrânea. As duas brasileiras conseguiram manter um bom rendimento ao longo de toda a competição.

Embora não tenham conseguido ficar entre as top 10 da categoria ou algo do gênero, ambas conseguiram manter uma constância de resultados parecidos, o que as deixou circulando sempre nas mesmas posições por boa parte do evento. Victoria teve sua melhor colocação na prova “Echo Press” onde ficou na 14ª posição. Já Kato teve a melhor pontuação na prova “Rinse ‘N’ Repeat”, onde conseguiu a 13ª colocação. Contudo, no sábado houve um corte nos 10 últimos nomes do ranking, sendo assim, apenas 30 atletas continuariam para as provas finais.

Victoria que terminou a sexta-feira na linha de corte na 30ª colocação, não conseguiu se manter nela e finalizou sua participação ao ficar na 33ª posição. Já no caso de Kato, ela terminou a sexta feira já abaixo da linha de corte, então no sábado, ela passou os workouts lutando para não cair, mas infelizmente ela ficou na 37ª colocação e precisou deixar a competição.

Elite Masculino – o campeão sem vitórias

Outro fator inédito no Nobull CrossFit Games esse ano veio da categoria elite masculina. Pela primeira vez na história, tivemos um 1º lugar que não venceu nenhuma prova se querer. Justin Medeiros que ano passado venceu apenas a última prova do Games, esse ano não levou nenhuma prova para casa. Em compensação, foi a sua consistência nos resultados que lhe rendeu o 1º lugar no Games. Para se ter uma ideia de como Medeiros não precisou levar nenhuma das provas do Games para vencer o campeonato, sua melhor posição foi um 2º lugar na prova “Up and Over”.

Porém mesmo com essa realidade, a categoria masculina ficou longe da monotonia. Durante todos os dias de Games tivemos uma verdadeira disputa e uma dança das cadeiras para descobrir quem é o homem mais bem condicionado do mundo. Na disputa pelo pódio, além de Medeiros, ainda tivemos o recém voltado ao cenário dos Games, Ricky Garard e o russo Roman Khrennikov. Mesmo levando poucas provas, o trio junto somam apenas quatro provas vencidas, o trio travo uma verdadeira disputa entre si. O que rendeu uma competição ombro a ombro. Com isso, para quem achou que Medeiros teria uma certa tranquilidade para se manter no topo, Garard passou boa parte da competição usando a rouba vermelha e branca de líder.

Porém, o grande campeão de “The Capitol” começou a descer gradativamente na tabela, ao ponto que Medeiros fazia o contrário. Mas ter amargado um 28º lugar na prova “Echo Press”, parece ter tido um efeito contrário ao que vimos com Tia-Clarie, com isso Garard começou a cair no ranking e Medeiros se consagrando. Tudo isso acontecia enquanto o russo ia projetando suas vitórias e subidas ao topo. Roman possui uma força interessante e mesmo sendo pesado, não sente tanta dificuldade nos movimentos ginásticos. Sua habilidade lhe rendeu o 2º lugar na competição, enquanto Garard levou para casa a 3ª colocação.

Gui Malheiros é Top 10

De fato esse não foi nem de perto uma das participações mais fáceis de Gui Malheiros dentro do CrossFit Games. Afinal, o brasileiro começou com posições muito ruins no começo da competição e nem mesmo as provas explosivas e de força ajudaram. Para se ter uma ideia a pior posição de Gui foi na prova “Shuttle to Overhead A”, onde amargou a 36ª colocação.

Gui ainda ensaiou uma melhora na prova “Skill Speed Medley” onde conseguiu um 2º lugar, mas logo caiu drasticamente nas demais provas. A falta de boas colocações passou a criar um momento ruim para Gui dentro do Games e também nas redes sociais. Afinal, Gui passou a receber críticas de todos os lados e inúmeras especulações, inclusive de possíveis lesões foram colocadas nas redes.

Gui também acabou se fechando para as mídias locais, nem mesmo as brasileiras conseguiam uma fala do atleta. Nosso correspondente internacional Márcio Zukoff conseguiu uma fala de Gui enquanto cobria a prova “The Capitol”. Ao ser questionado como havia sido a prova, o brasileiro ainda sem fôlego respondeu: “foi a pior prova da minha vida”.

Nitidamente o brasileiro não estava bem, porém, a prova “Hat Trick” acabou sendo a impulsão para que Gui conseguisse voltar a ser competitivo dentro do Games. Na sequência Gui ainda venceu a prova das Sand Bags e começou sua subida dentro do ranking geral. Ao final do evento Gui que estava embaixo da tabela, consegui subir e ficar entre os 10 primeiros nas 10ª colocação.

Os times no Games

Para termos uma noção do que foi o Nobull CrossFit Games 2022, até mesmo a implacável Mayhem de Rich Froening demorou para conseguir engrenar um bom número de vitórias. Afinal, a muito tempo não se via o time campeão das outras edições finalizarem um workout na 16ª colocação, como aconteceu na prova “Fast”. Também a tempos os demais times não aparentam um desafio tão grande para Mayhem como nesse ano. Para surpresa de muita gente tivemos uma verdadeira disputa entre o time da Mayhem Freedom contra a equipe da CrossFit Oslo Navy Blue e a Invictus.

A disputa foi tão intensa que ao final do Games tivemos uma diferença 100 pontos apenas entre a campeã dessa edição, a Mayhem, para o 3º lugar, Invictus. Ano passado a edição acabou com uma diferença de quase 300 pontos da segunda colocada, a Oslo, que repetiu esse ano o vice campeonato. Uma prova clara que as mudanças de Bosman tiveram um efeito em todos os atletas e tiraram até os mais bem preparados de uma possível “zona de conforto”.

A equipe gerida por Froning ainda conseguiu levar mais dois times para a competição esse ano. Porém, ambas ficaram bem longe de uma possível dobradinha. Enquanto a Mayhem Independence ficou com a 5ª colocação geral, tivemos a Mayhem Justice que finalizou o sábado na 26ª colocação, sendo cortado da competição.

Léo Lima traz pódio inédito para o Brasil

A maior conquista do Brasil sem dúvida alguma veio do Master. Infelizmente por uma questão de logística do evento, é complicado conseguir acompanhar todas as categorias Masters e Teens do Games. Uma vez que as provas ocorrem de maneira simultânea. O que faz com que tenhamos que conferir apenas alguns momentos. Porém, também tivemos a oportunidade de acompanhar por lives no Instagram feitas por quem está em Madison. O que por muitas vezes não termos uma boa imagem.

Mas independente desses pontos, o Brasil fez história com Léo Lima. O nosso master 55-59, trouxe o 2º lugar para o Brasi nessa edição do Nobull CrossFit Games. Ele que já é um atleta experiente da competição, três vezes classificado, veio esse ano com vontade de ganhar. Afinal, ano passado ele também se classificou, mas ao chegar em Madison testou positivo para a covid-19 e não pode competir.

Esse talvez tenha sido o gás à mais que deu para o brasileiro a gana de levar o título para casa. Aliás, Léo quase levou o primeiro lugar, a diferença para o americano Mike Egan, vencedor desse ano, era de apenas 40 pontos. Léo também conseguiu ganhar quatro provas, todos usando o Nano, tênis da Reebok, o que ainda lhe renderá um valor extra para levar para casa.

Os brasileiros Teen e Masters no Games

O Brasil conseguiu levar esse ano alguns atletas do Age Group que deram um show nas arenas. Aliás, diferente dos demais anos, todos os brasileiros que ficaram credenciados ao Games conseguiram ir e participar da competição. Vale lembrar que nos demais anos, infelizmente, sempre tínhamos um ou outro atleta que acabava não indo por não conseguir a liberação do visto para viajar.

Assim sendo, nosso único representante teen dessa edição Yezo Cunha deu o seu melhor dentro da competição e emocionou pela garra apresentada. O brasileiro, estreante, mostrou que veio para ficar e tem o espírito de competidor, sem perder a essência do pensamento de comunidade do CrossFit. Yezo se destacou nas provas de explosão e força, igual um certo atleta da atualidade, por isso, é bom ficar de olho nesse garoto que finalizou sua primeira participação na 9ª colocação. Caminhando para os Masters, tivemos nossa atleta estreante na categoria, mas não nos Games, Anita Pravatti que beliscou o pódio ficando na 4ª colocação geral. Anita nitidamente mostrou que a pressão do Games não é algo que a abale e conseguiu bons resultados durante o evento, levando inclusive duas provas em 1º lugar e uma em 2º.

Sara Queiroz foi a nossa representante no 45-49, a atleta começou muito bem ficando em 3º lugar na segunda prova do Games, a “Max Trio”. Porém, a inconsistência de bons resultados nas demais provas, levou a nossa estreante para a 8ª colocação geral. Também tivemos Lasara Magnani no 55-59, esse ano tivemos menos competidoras na categoria, mas Lasara conseguiu manter um bom ritmo na pontuação, ficando apenas 20 pontos atrás de sua pontuação no ano passado que foi de 290. Lasara acabou na 10ª colocação do Games e mostrou que já faz parte da elite dos masters mundial. Outro brasileiro que também fez bonito e por diversas vezes ensaiou um lugar no pódio foi o estreante Osvaldo Tupinamba no 65+. Ele conseguiu fechar quatro provas no 2º lugar, uma média excelente para um estreante nos Games, o que lhe rendeu a 7ª colocação geral.

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