Do MMA para o Crossfit: Entrevista com Tiago Alves
Competidor do TUF Brasil 2 em 2013 e faixa preta de jiu-jitsu, Tiago Alves ficou mundialmente conhecido em 2013 ao participar do reality. Contudo o Crossfit já havia despertado o interesse do lutador a muito tempo atrás: “eu conheci o Crossfit em uma viagem que fiz aos EUA para lutar Jiu-Jitsu, em 2008, e já me identifiquei de cara com o tipo de treinamento”. Hoje, Tiago aposentou-se das lutas dentro do cage, mas não do tatame. Proprietário e Head Coach da Movimentum Crossfit, localizado na Vila Buarque, centro de São Paulo. Tiago conversou com nossa equipe sobre sua nova paixão. Acompanhe:
Como foi a transição do MMA para o Crossfit?
Foi realmente tranquilo, eu já estava buscando novos meios para treinar à parte física através de levantamento olímpico e exercícios ginásticos. Nesta época eu trabalhava como personal trainer. Com isso, me favoreceu na busca para aprender novas metodologias para aplicar em meus alunos. Por isso, decidi que precisava fazer algo novo e diferente dentro da minha área profissional. Não apenas ficar na luta, pois eu já estava prestes a me aposentar como lutador de MMA. Foi aí que abri a Movimentum CrossFit. Onde sou head coach e ainda dou aulas de jiu-jitsu, que é a minha principal essência.
Sua experiência no mundo das lutas te ajudou na prática do Crossfit?
Ajudou muito. Por isso, querendo ou não, no Crossfit competitivo, você passa a ter que se relacionar com a dor, fadiga extrema e a própria competitividade. A vivência dentro do mundo da luta já me fez chegar preparado para essas adversidades.
Você sentiu muita diferença física de um esporte para o outro?
Realmente isso em qualquer esporte é notado facilmente. Pois a cada um possui a sua especificidade e isso o torna totalmente diferente. Porém, eu já possuía o condicionamento físico e de alguma forma já executava alguns exercícios. Isso foi um grande atalho para iniciar com o “pé direito” essa nova jornada.
Como ele te ajudou na hora de se preparar para as lutas?
Visto que o Crossfit trabalha o condicionamento geral e variado, eu me valia dos exercícios visando o fortalecimento muscular e a resistência cardio respiratória. Além disso, a potência e força pura mesmo, eram estimuladas e eu pude da melhor forma possível converter isso no meu treino, principal que era de jiu-jitsu e MMA.
Você acredita que o Crossfit melhorou mais o que em você?
Por incrível que pareça, o Crossfit veio para mim de uma outra forma, melhorando a minha cabeça, sem cobranças, sem viver pelo CrossFit, sem “me matar” pelo CrossFit. Por tanto, foi literalmente divertido e saudável. Recuperou muitas lesões que tive em anos de competições e me deixou aberto a novos caminhos dentro da atividade física.
Você continua nas lutas de MMA e BJJ?
Hoje eu pratico Jiu-Jitsu cinco vezes por semana e aposentei-me do MMA a alguns anos. Com certeza, sinto-me muito bem para treinar e competir Jiu-Jitsu, mesmo que seja numa menor frequência, graças a uma rotina de treinos também com o CrossFit.
Você acredita que seja uma tendência atletas de outras modalidades migrarem para o Crossfit?
Muitos acabam indo para o crossfit, principalmente por que enxergam a possibilidade de uma atividade nova e empolgante. Tem muita ligação com o esporte competitivo, principalmente pela rotina de treinos e foco em competições.
Você levou algum companheiro de equipe do mundo das lutas para dentro do box também?
Levar diretamente não, mas sei que muitos se influenciaram por me ver praticando, experimentaram e viciaram (risos).
Quem são seus coaches?
Eu tenho hoje comigo o Fernando Lins, que era um amigo que trabalhava na mesma academia que eu, com musculação, e roubei ele para o Crossfit. O outro é o coach Edu Santos, que atualmente divide seus horários na Movimentum e na Crossfit Brasil. Além também do Victor Paiva.
Já participou de algum campeonato de Crossfit?
Já participei e estou totalmente focado nas competições de crossfit. Já competi no Monstar, no KVRA, WKND Wars e na seletiva do TCB de 2017.
Como você vê o cenário do Crossfit em São Paulo?
Está muito “legal” mesmo. Por isso, de uma forma geral, as pessoas estão aderindo bastante e estão dando um maior valor à atividade física de uma forma geral.
Quais são seus planos dentro do box e dos tatames? Como você trabalha com seus alunos?
Aqui dentro do box, por incrível que pareça, eu nem estímulo tanto a competição com os alunos, mas deixo eles ativarem isso por conta própria. Assim não forço eles a fazerem muitas vezes o que não querem. Em contrapartida, tenho alguns aqui comigo que possuem esse foco assumidamente e exploram rigorosamente o treino periodizado e as competições. Entretanto, eu em particular estou totalmente focado em competir em minha categoria e da mesma forma, mesmo em minhas aulas de jiu-jitsu o foco de aprendizagem é o mesmo, porém, ainda estou na ativa com a competições de jiu-jitsu.
Qual o exercício de Crossfit que você mais gosta?
Eu gosto muito de fazer LPO, e o Snatch é um dos que mais gosto, já na parte ginástica, o Muscle up.
Qual exercício você tem mais dificuldade de realizar?
Apesar de gostar muito e estudar e treinar muito ele, o Muscle up é o meu calcanhar de Aquiles. Porque ainda tenho muitas dificuldades.
Deixe um recado para quem é amante das lutas e quer se testar no Crossfit.
Realmente garra e determinação transbordam nos lutadores. Por isso, tenho certeza que todos que quiserem se aventurar no crossfit, irão gostar muito e encontrarão uma grande semelhança com as rotinas de um lutador, não percam tempo!
Deixe um recado para quem é do Crossfit e quer se testar em alguma arte marcial.
O crossfit é uma atividade que te prepara para tudo e a maior dificuldade das artes marciais, são os acervos técnicos. Mas nada que a paciência e a determinação não os auxiliem a driblar essa barreira. Vem para luta!