Preconceito em alta no CrossFit?

A palavra preconceito parece ser um assunto bem distante quando falamos de CrossFit. Afinal, todos nós repudiamos veemente as atitudes do criador e ex-CEO Greg Glassman com suas afirmações racistas. Inúmeros boxes se desafiliaram e lançaram nas redes notas de repúdio as suas falas. Afinal, a modalidade tem como o princípio maior de comunidade e de ser aberto a todos que procurem um ambiente saudável e acolhedor para melhorar a qualidade de vida. Até mesmo as pessoas com necessidades especiais possuem um lugar de destaque dentro do nosso esporte.

Quantas pessoas acima do peso conseguiram cuidar da sua saúde, sedentários ganharam qualidade de vida, entre inúmeras outras histórias de sucesso ligados à saúde nós temos dentro do esporte. Mas infelizmente, essa visão de comunidade parece se perder em algumas pessoas e o preconceito aparece e com mais força do que imaginamos. Aliás, ela vem para todos, desde os praticantes do CrossFit, até os grandes atletas da elite do nosso esporte que ficam muitas vezes mais expostos aos usuários mal intencionados.

Machismo – Gabi Moratti

A última história obscura sobre preconceito, teve como vítima uma das nossas principais atletas brasileiras e possível representante do país no Nobull CrossFit Games, Gabi Moratti. Na última semana, a atleta da BlackSheep foi vítima de insultos pavorosos em seu perfil no Instagram por um homem que comentou em suas fotos. “Eu já enfrentei algumas vezes homens vindo comentar de maneira ofensiva nas minhas fotos. Acontece e infelizmente é mais comum do que se imagina. Mas esse homem comentou em umas 20 fotos minhas me xingando de ‘vadia’ de ‘puta’, falando do meu corpo por ser musculoso e tudo mais”, relembra a atleta.

Gabi normalmente não dava ouvidos para as ofensas, mas o número de posts agredindo a imagem dela, fez com que ela tomasse providências. “Eu entrei no perfil desse homem e vi que além de não seguir e não conhecer ele, o cara era casado. Então entrei em contato com a esposa dele e avisei que iria acionar eles judicialmente. Ela então conversou comigo e mostrou a indignação dela sobre as atitudes do marido”. Após a conversa, Gabi decidiu não levar a briga para frente e apenas apagou os comentários machistas.

Contudo, a atleta contou que não foi apenas esse caso chocante em sua carreira. “No período que eu estava fazendo o TCB Warm Up também fui xingada por diversos comentários. Minha avó estava assistindo e ao final do evento ela me ligou chorando e preocupada comigo”. Para tentar combater e ajudar pessoas que também passam por esse tipo de ofensa, Gabi resolveu expor o caso no Instagram e para sua surpresa, muitas mulheres contaram relatos de casos parecidos. “Foram mais de 500 mensagens, passei cinco dias respondendo a todas. Fiquei feliz com a interação, mas triste em ver como somos atacadas”.

Homofobia – May Faria

Por incrível que pareça, a homofobia também acontece dentro do CrossFit. Embora tenhamos inúmeros praticantes assumidamente homossexuais e extremamente acolhidos dentro de seus boxes. Inclusive muitos deles são coaches e head coaches, o preconceito também acontece, como foi o caso da atleta May Faria no ano de 2018.

May que também se prepara para disputar o Brazil CrossFit Championship na categoria times, sofreu com os ataques homofóbicos e acabou perdendo patrocinadores por conta dessa discriminação. “Eu tirei uma foto no carnaval dando um ‘selinho’ em uma amiga e postei nas minhas redes. Depois disso, a foto teve uma repercussão negativa para mim. Um dos meus patrocinadores me ligou e disse: ‘nossa May, não sabia que você era sapatão’, exatamente com essa palavras. Depois de alguns dias ele entrou em contato e cancelou o patrocínio dizendo que estava preocupado em manchar o nome da empresa. Pois ele alegou que era uma empresa que prezava pela visão familiar”.

O preconceito sofrido pela atleta quase fez com que May desistisse de continuar dentro do CrossFit, mas a força de seus amigos e familiares fez com que ela continuasse. May acionou judicialmente a empresa por homofobia e assim como Gabi, prefere não dar o nome dos agressores.

Gordofobia – Fábio Broco

Para quem não lembra, também em 2018, nosso querido apresentador Fábio Broco também foi vítima do preconceito de internautas. O caso aconteceu quando Broco apresentava o Reality Show Wod Live. O programa reunia inúmeros grandes nomes do CrossFit para competirem em times entre si. Broco era o apresentador principal da gincana que ia ao ar no YouTube, participar dele deu ao apresentador ainda mais notoriedade dentro da cena do esporte.

Contudo, estar em evidência também trouxe ao apresentador críticas de diversas pessoas como colocações de “chamar um apresentador gordo para apresentar um programa de fitness”, “como colocar um apresentador gordo para falar de saúde”, entre outros comentários gordofóbicos. Na época, Brocco respondeu com seu bom humor e tirou de letra o caso. Porém com o passar dos anos, ele vem emagrecendo a olhos vistos, mas sempre fazendo questão de salientar que sua disposição para de livrar dos quilos à mais vem de sua própria vontade de melhor a sua auto estima e não por conta das opiniões alheias.

Opinião HORA DO BURPEE

Para nossa equipe, toda e qualquer forma de discriminação é inaceitável, referente a qualquer que seja o teor da discriminação. Aliás, é extremamente triste termos histórias como essas para contar. Vale ainda ressaltar que elas só se tornaram públicas pela coragem dos três personagens que expressamos aqui, que não só não se calaram, como também se posicionaram. Contudo, do que vale nós atacarmos e reclamarmos da postura racista do criador do esporte, se nós mesmos trazemos preconceitos de outras formas nossos próprios campeões?

Vale ressaltar que para o mundo do CrossFit, um esporte, as mulheres necessitam sim ser fortes e não devem se encaixar em um padrão de beleza pré-estipulado. Com quem os atletas dormem e acordam, não é da conta de NINGUÉM, apenas deles mesmos e de seus parceiros ou parceiras. Por último, vale ressaltar uma sabia frase do criador do nosso esporte que salientava que a “mesa dos adultos” do CrossFit é exatamente aquela que tem pessoas vencendo doenças, tais como a obesidade, através do CrossFit. Claro, essas colocações são válidas antes das últimas que o tiraram da empresa.

One thought on “Preconceito em alta no CrossFit?

  • 11 de março de 2022 em 21:41
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    Eu sou uma pessoa extrovertida e tenho muito traquejo social, essas habilidades foram ou ferramentas que me ajudaram e ajudam superar o preconceito por muitas vezes velado pelo fato de ser gordo e ter 48 anos. Isso se manifesta de forma sutil em formato de.piadinhas ou claramente quando você é excluído de uma roda de bate papo o de só tem RX. Ou aquele coach que debocha da sua performance. Felizmente são poucos como estes que cruzaram meu caminho. Eu pratico crossfit porque faz bem para minha mente, não tenho menor pretensão de chegar em níveis performáticos de um atleta. Mas deixo aqui meus agradecimentos a todos os que ainda me impulsionam.

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