O fenômeno Brasil no Nobull CrossFit Games 2021
A edição desse ano do Nobull CrossFit Games trouxe um novo fenômeno, chamado Brasil. A apresentação dos brasileiros, em especial do teen Gustavo Pusch e do elite Gui Malheiros, mostrou a força de um país que vive o CrossFit e que está em plena evolução da modalidade. Além de mostrar que o Brasil merece mais do que duas vagas, para disputar com os países vizinhos, para competir no maior evento da modalidade.

Outro fator que ficou explícito esse ano é que a fase de participar do evento passou, agora o Brasil vai para competir e, muitas vezes, superar os demais atletas. Por muitos anos a superioridade americana e australiana vinha aparecendo de forma cíclica. Contudo, a apresentação dos brasileiros esse ano trouxe uma nova realidade, onde os atletas brasileiros são sim competitivos e extremamente capazes. Aliás, Malheiros não só mostrou ser capaz, mas também uma superioridade incrível ao levantar sem problema o peso de snatch, que ninguém conseguiu levantar.
Gustavo por sua vez, trouxe com seu jeito brincalhão muita qualidade para o evento, mostrando também sua superioridade na prova semelhante à de Gui, com o movimento de snatch. Aliás, no Brasil é fácil citar nomes que conseguiriam levantar ou chegar bem próximo dos pesos levantados pelos dois. O que demonstra que os atletas brasileiros são extremamente fortes para esse tipo de prova, até mais do que Justin Medeiros, o campeão da edição.
Obviamente que é inegável que temos que melhorar em diversos pontos e evoluir em outros quesitos. Só assim para podermos ter nossos brasileiros nos pontos mais altos do pódio. Mas o ano de 2021 mostrou toda a força e qualidade que os brasileiros estão conseguindo ter dentro do Games. O que pode ser questão de tempo para termos nossos atletas em todas as categorias disputando o pódio.
Passo de formiga e pouca ajuda
É inegável a pouca ou nenhuma ajuda que nossos atletas possuem para ir até o Madison vestir a bandeira do país no evento. Ainda mais pelo CrossFit não ser um esporte olímpico e ainda estar derrubando as barreiras do preconceito, a modalidade ainda galga os degraus para ser conhecido por todos. Vimos isso acontecer com os esportes de combate, onde os atletas só passaram a ser realmente vistos depois que o Anderson Silva se transformou em campeão. Contudo, esperarmos isso acontecer para então as empresas terem ciência do esporte, é complicado.

Tivemos nossa equipe e nossas duas teens Laís Telles e Maria Lívia, com a força da marca Fourmixx ajudando os brasileiros. Mas essa é uma realidade isolada, muitos precisam tirar do próprio bolso para estarem ali, competindo e se dedicando a vencer. Para os atletas Miguel Roo, Gabriel Welzel, Gabriela Azevedo e Lasara Magnani a sorte de ter uma marca de peso por trás, não aconteceu com tanta força. Sem falar de outros nomes, que não puderam ir por conta de seus vistos negados. Que aliás o que foi feito para reverter isso? Absolutamente nada.
Infelizmente o CrossFit é como qualquer outro esporte brasileiro, muitos falam, mas poucos ajudam. Contudo, quando os brasileiros atingem o auge, o esporte e tudo que o cerca ficam também em evidência, gerando um resultado positivo. Basta passear no feed do Instagram para ver como as marcadas que cuidam de Malheiros, estão usando sua imagem como forma de promoção da marca. Imagina se tivermos ele no pódio ou outros atletas aparecendo? Por isso, vale a pena a compreensão e a importância do esporte evoluir para que as marcas evoluam ainda mais.