Doping: todo atleta usa alguma coisa

Uma coisa que chama bastante atenção nos casos de doping é o julgamento do público. Muito mais forte e cruel do que os que julgam o caso profissionalmente. Basta a notícia sair para que uma chuva de comentários ácidos, em forma de ataque ou piada, comecem a surgir. Como criador e escritor da HORA DO BURPEE, nunca gostei de ter que anunciar um caso de doping. Porém, o compromisso com o jornalismo obriga que pautemos assuntos nem sempre confortáveis para nós.

Ter que escrever e expor alguém negativamente, embora necessário, é triste. Ainda mais quando temos como objetivo ajudar a exaltar e a proliferar o CrossFit. Não para minha surpresa, conversando com o nosso principal concorrente e um dos nossos maiores parceiros, a equipe do Hugocross, também tem a mesma visão que nós. Eles também não gostam de escrever sobre doping. Porém seria um tiro no pé se a maior página de informação de CrossFit do Brasil não pautasse o assunto. Mas de fato, os motivos de não gostarmos são muitos, principalmente a exposição negativa e o caminho aberto para os ataques.

Contudo, analisando os comentários de nossas últimas postagens no Instagram. Percebi que muitas pessoas atribuem única e exclusivamente o sucesso dos atletas ao uso das drogas. Retirando assim, todo o possível mérito que esses homens e mulheres possuem com suas habilidades, força de vontade e etc. Então ficou para mim uma questão: Será que só o doping é suficiente para se tornar um atleta elite e competitivo? Afinal, se for só isso, porque não temos mais atletas performando em alta qualidade? Aliás, se basta usar anabolizantes para chegar na elite, o caminho então fica mais fácil e barato. Uma vez que não é necessário uma alimentação de qualidade treinos específicos, uma facilidade para alguma aptidão e etc.

Antes do ataque no doping

O errado é errado mesmo que pareça certo ou que todo mundo faça. Com isso, ser pego no doping mostra que a pessoa está de fato errada. Esse é um ponto real e forte que temos que expor, independente de quanto gostemos de um atleta. Porém, vale a pena antes de simplesmente atacarmos com frases do tipo “lá vem mais um falar que é contaminação cruzada”, “ninguém tá puro”, “é o suco de maça”, “não tem como falar que está puro com um ombro desses”, entre milhares de outras. Analisarmos o histórico do atleta e sua idade, aqui inclusive, vale uma reflexão e um pensamento mais profundo, aquele de pensar no outro.

Dando um exemplo recente da master brasileira Carolina Gutierrez. Ela acabou de ser pega no doping atualmente com 46 anos. Caso ela pegue a pena máxima de quatro anos, ela só voltará a competir com 50 anos para o Games. Ou seja, ela perdeu toda a sua possibilidade de competir em sua atual categoria de 45-49. Para piorar, será que diante de uma suspensão como essa e das críticas amargas que recebe, ela vai querer continuar a competir após os quatro anos? Será que ela irá deixar o desânimo e a tristeza bater nesse momento e somando com a idade alta ela não vai simplesmente desistir de competir?

Voltando alguns anos, acompanhando o caso de Pedro Martins e Lari Cunha, também pegos no doping, ambos passaram por situações muito parecidas. Assim que foram pegos as palavras de incentivo na rede viraram de ódio do dia para noite, refletindo nitidamente na performance dos dois. Atualmente Lari está apta para competir, enquanto Pedro ainda terá o ano que vem de molho. Além disso, Pedro que esse ano fechou o TCB na 2ª colocação, não poderá ir ao Wodapalooza por conta do doping. Em meio a isso, será que realmente ele precisa de mais ataques na rede?

Todo atleta usa

Quem nunca ouviu a frase: “todo atleta usa alguma coisa”. Mas na realidade, faça essa pergunta à você mesmo e veja se você terá uma resposta: O que o Gui Malheiros, a Victoria Campos, o Anderon Primo e a Fernanda Dotto usam? A grande verdade é que ninguém sabe o que os atletas usam, a não ser os próprios atletas e seus coaches. Simplesmente jogar isso ao vento sem provas, é no mínimo leviano.

Todos usam? Pode ser que sim, pode ser que não. Mas se usam de fato ou não, deve se ter no mínimo o critério da dúvida e não uma afirmação de que todos usam. Também vale lembrar que muitos medicamentos são colocados como doping não por melhorar a performance ou recuperação dos atletas, mas sim por ser algo que ajuda a máscaras resultados, como o caso da finasterida. O medicamente é feito para ganho de cabelo, mas tem essa poder de mascarar resultados. O ex-jogador Romário caiu no doping pelo uso do medicamento em 2007. Porém, ele não estava tentando melhorar a performance, apenas tentando deixar de ser careca.

Por isso, deve-se sim levar em consideração muitos pontos antes de falar “todo mundo toma”. Afinal, se fosse comprovado que todo mundo toma, todos cairiam no doping. Há também uma discussão interessante nesse meio de liberar todos ou alguns produtos para que não seja visto como doping. Porém ela tem a mesma proporção de perigosa como interessante. Mas o principal ponto desse artigo é de fato mostrar que expressar a sua opinião é importante para todos. Porém, vale a pena analisar bem cada caso antes de simplesmente jogar um ataque pesado nas redes.

São atletas de alta performance

Para finalizar o artigo, vale destacar que todos os atletas da elite vivem vida de atletas. Não basta apenas usar algum anabolizante e ponto. Lari Cunha não chegou ao nível que está hoje por conta da Ostarine. Ela vem de uma longa caminhada como atleta dentro da ginástica artística, migrando mais tarde para o CrossFit, realizando treinamentos específicos de LPO.

Lari tem uma dieta regrada e levada a sério, faz diversos treinos em diversas vertentes, não bebe bebida alcóolica, não fuma, entre outras ações que poderiam sim atrapalhar sua performance. O mesmo acontece com os demais atletas pegos ou não no doping. Então, podemos ver que não basta apenas usar Ostarine e pronto, a pessoa estará no nível da elite. Mas sim que ela necessita ter de fato um histórico esportivo, ser esforçada e fazer sim sacrifícios diários para atingir o objetivo de ser um atleta.

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