Entrevista com o paratleta, Ricardo Allgayer

Um acidente de moto em 2004 fez com que Ricardo Allgayer perdesse sua perna direita. Porém na época, o gaúcho de Porto Alegre tinha apenas 22 anos e era atleta da seleção brasileira de handebol. Portanto, com o acidente, ele precisou passar por uma reabilitação para poder viver com a ausência de seu membro. Porém, foi só receber alta que o espírito de atleta falou mais alto e Ricardo logo procurou outra atividade física para se ocupar. Atualmente, morando no Rio de Janeiro, casado e pai do pequeno Martin, Ricardo Allgayer se divide entre os treinos de basquete, os trabalhos de pai e o Crossfit Adaptado, no Crossfit Crown. Sobretudo, sobre os olhares atentos da coach Natalia Perroni. Acompanhe a entrevista que a HORA DO BURPEE fez com Ricardo e conheça um pouco da vida desse representante do Crossfit Adaptado no país:

Como foi sua inserção no mundo do paradesporto?

Após perder a perna e fazer toda a reabilitação, resolvi buscar algo, pois sempre fui atleta e queria continuar sendo. Então encontrei uma associação que tinha um time de Basquete em cadeira de rodas e foi ali que iniciei no meio do paradesporto.

Quais estilos esportivos você fez após sua inserção no paradesporto?

Comecei com basquete em cadeira de rodas. Depois inclui Handebol em cadeira de rodas (Sendo campeão mundial). Embora também tive uma passagem muito rápida pelo atletismo no salto em altura, mas não me adaptei. Hoje sou praticante de Crossfit e continuo a jogar basquete em cadeira de rodas.

Como você chegou até o Crossfit?

Após descobrir que minha esposa estava grávida, fui buscar alguma modalidade que pudesse me condicionar por inteiro afim de suportar as tarefas de pai e a energia de uma criança. Foi então que descobri o Crossfit e comecei a treinar. Na época existia pouco ou quase nada do Crossfit adaptado.

Você teve alguma barreira na hora de começar a fazer o Crossfit? Qual a importância de se ter um esporte como o Crossfit ao alcance até de quem possui uma deficiência?

Não, fui muito bem recebido e rapidamente incluído. Pois o Crossfit é muito bom para todos, e para as pessoas com deficiência não é diferente. No Crossfit desenvolvemos todas as valências físicas e mentais, independente da deficiência. Isso traz mais saúde e qualidade de vida para todos. Além de conviver num ambiente saudável e inspirador onde todos se apoiam.

Qual o exercício dentro do Crossfit que você mais gosta de fazer e qual tem dificuldades? Existe algum exercício que seja impossível de fazer?

Gosto muito de ginastica e o meu preferido e o Bar Muscle Up, já no LPO gosto muito do Snatch, pois acho ele um movimento muito bonito. E o Double Under para mim é o exercício mais difícil e o único que ainda não consigo fazer perfeitamente. Existem exercícios com grau maior de dificuldade, mas é possível adaptar qualquer exercício e assim permitir que se realize.

O box precisou adaptar algo (comprar aparelho ou modifica-lo) para que você pudesse treinar? Você sempre tem alguém te acompanhando nos treinos?

Não. Todas as adaptações são feitas com caixas para os exercícios de agachamento e nos demais não necessito de adaptações. No começo tinha, hoje já faço uma planilha de treinamento especifico, devido as competições que disputo. Eventualmente treino sob o olhar da coach para correções e sempre peço ajuda para amigos e outros coaches que estão eventualmente treinando no mesmo horário, com dicas que possam melhorar meu desempenho.

Quais eventos de Crossfit você participou?

Já participei de vários eventos. Competi contra os “normais”, por exemplo, no Niterói Games, Liga TJK, Wod Sunset, Wodland e outros eventos de box. Já na categoria adaptado participei por dois anos seguidos do WWG (Workin Wonded Games) em Washington, nos Estados Unidos, no Wodapalloza em Miami/US, no Wheelwod Games no Canada este ano (Considerado o Games do crossfit adaptado), e aqui no Brasil o Monstar, Kvra Games, e o Niterói Games que ano passado teve a categoria adaptado.

Quais são os planos de Ricardo Allgayer para o futuro dentro do Crossfit?

Meu principal plano é difundir ainda mais a categoria adaptado para que possamos ter mais atletas envolvidos e consequentemente mais competições com a categoria. Ajudar a tirar as pessoas com deficiência da inércia de ficar em casa na frente da televisão, servir de exemplo e motivação para todos que queiram praticar atividade física, seja para competir ou por saúde.

Deixe um recado para o leitor que possa, assim como você, ter uma deficiência e queira praticar o Crossfit.

Acredite que você pode fazer muito mais. Acredite que pode ter uma vida saudável e que pode realizar tudo aquilo o que sonhou, esquece a palavra deficiente pois a deficiência está na cabeça de cada um e não é uma limitação física que irá te impedir de fazer exercícios, pois existem diversos exemplos a serem seguidos e você pode se tornar mais um deles. Vamos treinar?

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