CrossFit na contramão do Racismo
Quase um ano após as polêmicas declarações do ex-CEO da CrossFit, Greg Glassman, o assunto Racismo pode estar prestes a ganhar novas páginas. Porém, dessa vez de maneira bem mais positiva e com uma força maior para termos mais pessoas pretas dentro do CrossFit. Pelo menos no que depender das ações de dois nomes fortes da nossa comunidade, Lesley Henderson-Sanders e Elijah Muhammad.
Os dois atletas da elite do nosso esporte criaram modelos de ajuda a comunidade para poder trazer mais negros para dentro do CrossFit e vencer o racismo. “A maioria das academias não tem atletas pretos de CrossFit em grande quantidade”, disse Lesley que fundou a Melanin Crossfitters. Uma marca dedicada a servir diversas comunidades e fornecer acesso a informações nutricionais, educação de aptidão física e recursos de bem-estar. Uma prova de sua luta para colocar mais pretos para dentro do CrossFit, foi o evento realizado durante o ano passado no dia 29 de novembro, o “The Blackout”. Com isso, o evento contou com diversos atletas pretos, mostrando a força deles dentro do esporte.
Mais representatividade dos negros em eventos
Contudo, embora o evento tenha sido um sucesso e muitas pessoas afro tenham se inscritos, o número ainda é bem aquém das demais etnias. Exemplo disso, Arielle Sanders, uma atleta competitiva de CrossFit em ascensão, em entrevista ao site Morning Chalk Up explicou que atrair mais negros para o CrossFit é importante.
“Eu cresci frequentando escolas predominantemente brancas. Minhas escolas primárias, médias e secundárias eram predominantemente brancas. E então você meio que tenta se esconder. Bem, eu não deveria dizer esconder, mas acho que você quase sofre uma lavagem cerebral de que o branco é superior, ou branco é o objetivo”, disse a atleta de 26 anos. A atleta ainda explica que não sofreu nenhum tipo de racismo direto dentro do CrossFit. Porém, por vezes foi a única de sua cor dentro da arena. “Já fiz competições onde não há outros negros e é desconfortável ser a única pessoa que se parece com você em um espaço. Porque te faz questionar: ‘este espaço é para mim? Eu pertenço aqui?’”.
Ainda sobre o caso, a atleta destaca a ajuda não só no âmbito físico mais mental dos negros que sofrem a pressão por sua cor. “Ele (o CrossFit) pode fazer muitas coisas, não apenas pela sua saúde física, mas pela sua saúde mental. E os negros são afetados de forma desproporcional por doenças crônicas. A metodologia é muito poderosa. Acredito que pode transformar a vida das pessoas, mas temos que criar um espaço onde as pessoas se sintam seguras o suficiente para isso”.
A educação contra o racismo vem de casa
Para o duas vezes atleta Games, Elijah Muhammad, as mudanças começam muito antes da arena. Aliás, o atleta pode ser considerado, talvez, como o maior exemplo de um negro dentro do CrossFit. Elijah fundou o Project Onyx, uma empresa que visa eliminar as barreiras que as pessoas de cor sub-representadas e carentes enfrentam. Através do projeto ele consegue fornecer serviços de saúde e fitness acessíveis para os jovens de hoje.
“Com quanta diversidade ou negros você se comunica? Quantos negros você conhece? Quantos filmes negros você assistiu, comédias negras, livros negros? ” disse o atleta ao site norte-americano. Elijah pontua o desconforto de ser o único indivíduo de uma determinada etnia dentro de um espaço. “É difícil se relacionar com alguém se você não tem nada que o atraia até ele. Portanto, o primeiro passo é ficar desconfortável para criar relacionamentos ”, acrescentou.
Embora mostre uma realidade ainda longe de ser superada dentro da modalidade, o atleta mostra uma visão otimista para o futuro. “Talvez eu seja tendencioso ou talvez eu veja o que quero … (mas) vejo o mundo mudando drasticamente e ficando cada vez mais unido”, disse ele.