Dudinha Souza, a representante Teen do Brasil no Games 2019

Existem ensinamentos que são passados dos pais para os filhos. Porém nesse caso os ensinamentos tiveram tanta qualidade que renderam uma vaga no CrossFit Games desse ano. Fomos até a cidade de Mira, em Portugal atrás da única representante brasileira na categoria Teen (14-15) que teremos no torneio esse ano, Eduarda Souza. Dudinha, como é conhecida, tem ninguém menos que seu pai, Leonardo Souza, como seu coach e mentor. Aliás, dentro e fora da arena. Conversamos com pai e filha para entender como a pequena, com marcas bem adultas de PR, em março desse ano ela levantou 165lbs em um Squat Clean, se encantou pelo CrossFit. Além de saber como são as rotinas dos treinos e sua preparação para o Games desse ano. Acompanhe a nossa entrevista e conheça a menina de 14 anos que já carrega o peso da bandeira brasileira e portuguesa.

Leonardo Souza

Como o CrossFit entrou na vida de vocês?

O CrossFit entrou de uma forma inesperada. Pois eu era coordenador de uma grande academia em Brasília e trabalhava com preparação física para atletas de alta performance. Logo vi a necessidade em ter um local “meu”. Então surgiu a idéia de realizar a formação no CrossFit (Level 1). Assim, em 2015 eu e minha esposa Cecilia, também Coach de CrossFit (Level 1) conseguimos realizar o meu maior sonho. Construir o meu espaço, a CERRADO CROSSFIT. Já na vida da Dudinha ele veio como um “complemento do treino físico” dela, que participava de competições de judô.

Porém, em 2016 o CrossFit conquistou ela de vez. Havíamos formado várias equipes (masculinas/femininas/mista) para participar de uma competição de CrossFit. Porém uma das atletas desistiu de participar 10 minutos antes de iniciar a 1ª bateria (risos). Assim a Dudinha entrou em cena e competiu comigo. Foi algo surreal, entrei para brincar e me divertir pois a Dudinha na época tinha 11 anos. Mas ela simplesmente deu show na competição.

Ela começou o treinamento cedo. Qual a melhor idade para começar a praticar?

Sim ela começou cedo na prática da atividade física de “movimentos funcionais constantemente variados e de alta intensidade”. Afinal, na época ninguém conhecia o CrossFit. Aliás, nem eu conhecia. Mas a realidade é que a melhor idade para iniciar o CrossFit não tem (risos). Ele foi feito para todas as idades. Afinal, temos o Crossfit Kids que trabalha essa iniciação do esporte com crianças até a fase da adolescência.

Atualmente vocês moram em Portugal.Existem muitos eventos como no Brasil?

Não. Embora, o CrossFit em Portugal venha crescendo muito principalmente no último ano.

Como é ser pai e coach de uma atleta?

É um pouco complexo (risos). Divertido e às vezes tenso. Mas aprendi com o tempo a dividir essas duas pessoas na rotina e no dia-a-dia da Dudinha. Há momentos em que tenho que ser Coach e momentos que tenho que ser o pai.

Você sente que ela esteja sentindo a pressão de estar no Games? Como surgiu a idéia de tentar o Games?

Não só ela, mas todos nós estamos sentindo essa pressão, afinal é o Games “né” (risos). Essa resposta tem uma grande história, mas vou tentar resumir (risos). Em 2014 saímos de Brasília para Goiânia onde aconteceu o Monstar Games. Lá estava participando uma menininha, a Luísa Marques. Comentei com a Duda sobre isso e ela quis ver. Logo em 2015 aconteceu uma etapa do Monstar em Brasília e lá estava a Lulu competindo novamente. Então levei a Dudinha para assistir. Saindo de lá a Dudinha nos disse: “vou treinar e um dia vou competir igual e ela”.

Depois disso ela passou a focar nas competições? Vocês já possuem alguma estratégia para a competição?

Sim. Desde de então a Dudinha sempre treinou querendo ser a melhor sempre e com o objetivo de ir para os Games. Sempre realizava o Open sem poder de fato participar devido à idade. Porém em 2016 participamos do Qualifier para o Wodapalloza e ela, com 12 anos, se classificou em 5º lugar. Foi sensacional. Mas nesse ano não conseguimos ir para Miami, pois não conseguimos realizar a inscrição dela. Então no ano seguinte ela fez novamente o Qualifier e se classificou novamente, e dessa fez conseguimos ir.

Assim em 2018 estávamos lá compendiando com meninas incríveis que já tinham até participado do Games. Tivemos uma experiência incrível, não conseguimos pódio mas a Dudinha teve uma atuação magnífica.  Assim quando retornamos ela nos lembrou que no próximos ano ela poderia participar do Games. E aí estamos. Mas é muito difícil responder sobre estratégia sem saber o que vamos encontrar lá. Mas diante de tudo, mesmo sendo a 1ª vez da Dudinha no Games, estamos indo para superar as nossas expectativas.

Dudinha Souza

Como é ser filha e atleta do seu pai?

É sem dúvidas muito bom,mas também tenho que saber os limites do pai/Coach para os treinos darem certo.

Como é o seu dia a dia de treinamentos?

Bem,os meus treinamentos são feitos duas vezes por dia. Assim na quinta é só uma sessão de treino e domingo é rest day. Todos divididos em força/condicionamento, ginástica/condicionamento e condicionamento/condicionamento.

Você segue alguma alimentação especial?

Sigo sim,faço um acompanhamento nutricional com a nutricionista Catarina

Qual o momento mais complicado para você na preparação?

Acho que os treinos, porque são muito desafiadores e por vezes muito complicados. Mas em época de competição, uma semana antes de começar, é muito complicado por conta do nervosismo e outros fatores.

Qual wod você achou mais fácil? Qual o mais difícil?

Em relação ao Open,o wod 5 foi o menos complexo para mim e o Wod 3 foi o mais desafiador.

O que você espera da competição?

Eu não sei o certo,mas sei que os wods vão ser muito  desafiadores e que vamos nos divertir muito. Espero que seja uma disputa acirrada para ver com outros olhos o meu nível de treino.

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